Os últimos lugares selvagens do mar estão desaparecendo. Muita pouca gente verá esses lugares preservados, com uma beleza incomparável, a salvo do impacto do homem.

Em 2010, junto com Oceana e a Armada de Chile, realizamos uma expedição Ilha de Salas e Gómez sob a liderança de Enric Sala e Alex Muñoz.

Por National Geographic – Documentário “Islas desventuradas: El Chile más salvaje”

“A abundância de vida marinha que encontramos foi extraordinária. Apresentamos nossos resultados científicos ao Presidente do Chile, Sebastián Piñera, que decidiu proteger esse tesouro da natureza na maior Reserva Marinha do continente Americano: o Parque Marinho Motu Motiro Hiva (criado em 6 de outubro de 2010, com uma extensão de 150 quilômetros quadrados)

Após o êxito de Salas e Gómez buscamos por todo o mundo outros lugares selvagens para descobrir outras ilhas com o potencial de encontrarmos com ilhas preservadas e sem proteção. Foi então quando encontramos San Felix e San Ambrosio, as Ilhas Desventuradas, situadas a 900 quilômetros da costa chilena. Pareceu, para nós, incrível que o Chile pudesse ter mais lugares virgens!!

Novamente National Geographic e Oceana montaram uma expedição em fevereiro de 2013.

Fomos com muita pouca informação, sem ter encontrado imagens submarinas.

…Mas o que ali encontramos, superou nossas expectativas…

Em Antofagasta preparamos nosso barco com um grupo de cientistas do Chile, Estados Unidos e Espanha. Alex Muñoz, vice-presidente de Oceana liderou as mudanças mais importantes para a conservação marítima. Nossa equipe, National Geographic, trouxe câmeras especiais para explorar o oceano.

Nosso destino foi San Ambrosio: Uma ilha desabitada a mil quilômetros de Antofagasta. Se estes lugares foram fáceis de visitar, não seriam selvagens.

Quantas ilhas assim existem no mundo? Quanto tempo temos para salvá-las?

Embarcamos com mentes abertas para as surpresas que estas ilhas poderiam nos revelar e com otimismo porque Chile já tinha demonstrado ser um país líder em conservação marítima. Esta era nossa oportunidade para explorar, investigar e comprovar se realmente estas ilhas são preservadas.

A primeira imersão na água sempre é a mais importante. E esta não foi uma exceção.

Descemos… o coração estava a 100 por hora.

A visibilidade era inigualável. Podíamos ver a mais de 70 metros. Em seguida, percebemos que nós estávamos em um lugar especial: Pristino.

A diversidade e abundância de vida marinha que observamos nos deixou impressionados. Ao nosso redor tudo era vida em movimento.

E ao final do mergulho tivemos uma surpresa: O lobo marinho de Juan Fernández. Sabem o que é isso? Esta espécie se tornou extinta há mais de 100 anos. Sua presença em San Ambrosio nos deu um significado de esperança!!... Ainda que só vimos 5 deles em toda a expedição. Mas sem proteção sua extinção seria quase certa.

É nesses momentos quando nos sentimos conectados com a natureza marinha. Cheios de emoção… tudo muito colorido! Após ter visto tudo isso, estávamos impacientes para lançar o submarino.

Com os tanques de mergulho podíamos descer até 50 ou 60 metros… mas fica muito por descobrir a centenas de metros de profundidade.  

As bolhas do submarino eram tão claras que tinha que tocá-la para ver se realmente existia… era possível ver tudo, mas tudo! A 100 metros, peixes curiosos nos rodeavam… o maior número de carapaus que já vi nadando fora de suas cavernas, centenas de tubarões profundos, lagostas de Juan Fernandez enormes, de 7 quilos! Solitárias ou em grupo. - É uma das maiores lagostas que já vi em toda minha vida!-.

A 300 metros vi o que nunca havia visto… uma população virgem de lagosta anã com a maior abundância que jamais foi reportado.

Descendo no azul profundo, parecia que deixávamos o mar e entrávamos a um mundo a parte, obscuro… a 300 metros, um tubarão tigre da areia, nas profundidades encontramos uma diversidade incomparável. Das espécies novas que encontramos, ao menos 10 parecem ser novas para a ciência. O que descobrimos em Salas e Gómez foi um ecossistema marinho que outros países jamais sonharam em ter.

Quantas espécies, todavia, não foram descobertas aqui? Quantas desaparecerão se não se protegerem?

Quando chegamos em terra, sempre analisamos os vídeos das espécies encontradas no mar. Mas, desta vez, nossa surpresa foi maior. Quase tudo era novo, tivemos que inventar nomes para estas espécies que, ao que parece, são novas para a ciência. É como encontrar duas espécies de macacos novas na América do Sul...

Entendemos, sem lugar para dúvidas, que as Ilhas Desventuradas estão tão intactas, que são um tesouro de vida selvagem, que necessitam ser protegidas.

Nosso objetivo foi explorar e recolher dados para informar às autoridades chilenas o quão intactas e selvagens são suas ilhas. Descobrimos que a biomassa de peixes é quase o dobro do parque marinho criado pelo Governo chileno de Salas r Gómez”.

Saber que existem países como o Chile com líderes e comunidades locais que sabem o que está em jogo e que estão dispostos a atuar, nos dão esperança para estes lugares selvagens, para que possam sobreviver… para que no desapareçam.

Por: National Geographic.